Século XIX até 1974 | Cienciasetecnicas

A Ciência em Portugal nos Finais do Século XIX até 1974

Autoria: Paulo Moreira | João Pedro Lima

A meio do século XIX a Física começou a estabelecer pontes com as Ciências da terra…

Final da década de 1850 criado em Coimbra o Observatório Meteorológico e Magnético (hoje Instituto Geofísico de Coimbra);
O primeiro sismógrafo existente em Portugal foi instalado neste Instituto em 1891;
Muitos dos mais conceituados professores da Universidade de Coimbra e Lisboa percorreram a Europa e visitaram os melhores observatórios geomagnéticos;
Destacam-se nesta altura Francisco da Costa Lobo (diretor e astrofísico) e seu filho Gumersindo da Costa Lobo;
O Instituto foi sendo equipado com material de valor inimaginável (espetroheliografo e o coelostato)

Fim século XIX a Astronomia teve também uma evolução considerável devido à ação de César Campos Rodrigues;
Astrónomo e Oficial da Marinha;
Entrou para o Real Observatório Astronómico em 1869;
Estudos relativos a determinação da paralaxe solar e observações de Marte, levaram o Observatório a ser reconhecido pelo Observatório Naval de Washington:

“…they are remarkable complete, and will be of great use…”

Devido a estes estudos, César Campos Rodrigues recebeu em 1904 o Prémio Valz, atribuído pela Academia de Ciências de Paris;
César Campos Rodrigues tem ainda hoje um lugar de destaque não apenas a nível nacional mas também a nível internacional;

César Campos Rodrigues

Einstein e a Teoria da Relatividade em Portugal…

A primeira vez que em Portugal se falou da Teoria da Relatividade de Einstein foi em 1912, por intermédio de Leonardo Coimbra (filosofo formado na Politécnica do Porto) na sua dissertação Criacionismo, baseada nos trabalhos de Langevin;
Esta Teoria de Einstein causou forte discussão entre grupos com ideias distintas, Gago Coutinho discordava desta teoria enquanto que Manuel dos Reis (professor de Astronomia em Coimbra) concordava com a teoria postulada por Einstein;
Em 1922 Einstein recebe o Prémio Nobel e mesmo assim, em 1925 ao passar por Portugal em trânsito para o Brasil passou praticamente despercebido;

Em 1946, António Gião (meteorologista e físico-Matemático trocou correspondência com Einstein;

Einstein

A Ciência e o Estado Novo…

Em 1911 foram criadas as Universidades de Lisboa e Porto e respetivas Faculdades de Ciências e procedeu-se á primeira reorganização do ensino das ciências físico-matemáticas e histórico-naturais

Criado o Instituto Superior Técnico por iniciativa do mineralogista e engenheiro Alfredo Bensaúde;

Após Revolução de 1926 e durante a Ditadura Militar o Instituto Superior Técnico foi desenvolvido pelo Engenheiro e Politico Duarte Pacheco;

Em 1933 a Ditadura Militar passou a estar ligada à figura de António Oliveira Salazar e passou a chamar-se Estado Novo;
Apesar das perseguições constantes a alguns cientistas, o Estado Novo proporcionou nos anos 50 e 60 alguma afirmação da ciência e da técnica, levado a cabo por professores que não foram exilados (José Sebastião e Silva, António de Almeida e Costa – Matemática – Faculdade de Ciências de Lisboa; Edgar Cardoso, Manuel da Rocha – Engenharia).
Foram desenvolvidos laboratórios estatais em Lisboa como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em 1946, e a Junta de Energia Nuclear, onde em 1954 foi instalado o reator Português de Investigação).
Também é de relevar a criação do Instituto Gulbenkian da Ciência, ligado à Fundação Gulbenkian.
Em 1925 o Físico Mário Silva partiu para Paris para trabalhar no Instituto do Rádio de Paris, dirigido por Maire Curie, tendo-se doutorado sob a sua orientação;
Após doutoramento regressa a Portugal para se tornar Professor da Faculdade de Ciências de Coimbra e com ajuda de Álvaro de Matos criou o Instituto do Rádio de Coimbra, que nunca chegou a abrir pois Mário Silva foi “…vítima de reforma compulsiva por ordem do governo de Salazar…”;
Criou a escola de Física Nuclear em 1940 aproveitando para isso a estadia em Coimbra de alguns dos melhores cientistas de então, Benedetti, Beck e Proca, todos eles refugiados em Portugal devido á 2ª Grande Guerra;
Estes três cientistas foram obrigados por Salazar a abandonar o país tendo sido um deles
preso pela Policia Politica (PIDE);

António Oliveira Salazar

Matemático formado na Universidade de Coimbra, interessou-se pela Teoria da Relatividade tendo tido a preocupação de divulgar as ideias de Einstein;

Ruy Luís Gomes

Foi um dos maiores matemáticos portugueses do século XX e também um herói silencioso da resistência ao salazarismo. Fundou com Colegas a Sociedade Portuguesa de Matemática. Por isso, foi o primeiro dos matemáticos da geração de 1930-1940 – uma das mais brilhantes que o país já teve – a ser forçado a deixar Portugal.

António Aniceto Caraça

Biólogo, começou a carreira na Universidade de Coimbra em 1919 e foi nomeado catedrático em 1926;
Viagem pela Europa com passagem pela Universidade de Berlim onde estagiou no Instituto de Fisiologia de Plantas;
Regressa a Portugal em 1931 e é obrigado a exilar-se por Salazar em 1935;

Aurélio Quintanilha

Iniciou em 1909 a sua formação na Escola Médico-Cirurgica do Porto . Foi afastado, em 1935, da cátedra de Histologia e Embriologia, na Faculdade de Medicina do Porto, acusado de influência funesta no ensino;
Notabilizou-se pelos seus trabalhos relativos à estrutura eevolução do ovário, tendo desenvolvido um método de coloração que ficou com o seu nome, Método de Coloração tano-férrico de Salazar;

Em 1942, iniciou a sua atividade no Instituto de Português de Oncologia. Acabou por falecer, em 1946, e o seu funeral serviu de manifestação de protesto contra o regime.
Existe em sua memória uma Casa-Museu, em S. Mamede de Infesta, ligada à Universidade do Porto para além do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBAS);

Em 1946, António Gião (meteorologista e físico-Matemático trocou correspondência com Einstein;

Abel Salazar

Egas Moniz – O Prémio Nobel Português…

Egas Moniz ganhou, em 1949, juntamente com o suíço Hess, o único Prémio Nobel na área das ciências;

Doutorou-se em Coimbra em 1910 e lecionou também em Coimbra até ser aprovado um concurso e mudar-se para Lisboa, chegou a ser Ministro dos Negócios Estrangeiros durante a 1ª República;

Num Congresso de Neurologia em 1935, ouviu relatos de uma operação ao cérebro que tentou aplicar em Portugal em doentes psicóticos graves
A técnica era chamada de Lobotomia, contudo, deixou de ser efetuada há 30 anos e tem sido alvo de polémica.
Contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro.

Egas Moniz

A Ciência e a Revolução de 1974…

A Ciência em Portugal sempre passou por momentos delicados desde o tempo dos descobrimentos, mas com a Revolução de 1974 tudo mudou…

Aumento exponencial do numero de investigadores;
Forte Internacionalização em todas as áreas;
Aparecimento de novas instituições:

Instituto Nacional de Investigação Cientifica, de 1977 a 1992;
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, iniciada em 1997, que sucedeu á Junta Nacional de Investigação Cientifica e Tecnológica;
Criação do Ministério da Ciência e Tecnologia em 1995;

Perguntas...

De maneira sucinta, refira algumas das personagens que mais se destacaram na ajuda ao desenvolvimento da Ciência e das Técnicas em Portugal, desde o período final do século XIX até 1974.
José Saramago recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998, mas em Portugal já outra personagem tinha recebido essa distinção em 1949. Diga quem foi e por que razão recebeu essa distinção.
O período da ditadura militar em Portugal foi considerado um período negro na história da evolução da Ciência e das Técnicas, mas apesar disso existiram alguns acontecimentos dignos de registo. Refira alguns desses acontecimentos.